segunda-feira, 16 de julho de 2012

Cidadão Egipiciense



Foto Paulo Carvalho
Zelito Nunes

Joselito Nunes o Contador de Histórias


Nasceu na Prata região do Cariri Paraibano na época pertencente ao município de Monteiro PB. O poeta reside no Recife há mais de quarenta anos sem, no entanto, perder suas raízes sertanejas, daí o atributo de excelente contador de histórias. Bacharel em direito e professor nos encontramos na UFRPE quando o mesmo era diretor da gráfica universitária, hoje aposentado pelo TCU. Certa feita me pediu para escrever alguma coisa como apresentação de um livro de sua autoria. Tentando resumir em poucas palavras a influencia deste sertanejo na minha vida e na minha relação com o sertão disse o seguinte.



Fiz o caminho inverso ao de Zelito, sou do "Ricife" urbano, praieiro, e pelas mãos deste sertanejo contador de histórias, conheci o sertão e fiquei apaixonado pelo lugar onde a poesia brota em cada canto, seja num pé de parede, numa mesa de bar ou em uma simples conversa no balcão de uma bodega, onde histórias engraçadas são contadas e recontadas, vivendo durante gerações na memória de seus personagens sem que houvesse até então nenhum registro das mesmas.

Em longas andanças com Zelito conheci Monteiro, Boi Velho (hoje Ouro Velho), Prata, São José do Egito, Tabira, todo Cariri Paraibano e o Vale do Pajeú. Poetas e cantadores, todos da melhor estirpe, como: Zé de Cazuza, Pinto do Monteiro, Jô Patriota, Lourival Batista, João Furiba, Zeto e tantos outros luminares do repente e da poesia. Comi carne de bode com cuscuz no café da manhã, arroz de leite, baião de dois e feijão de corda com linguiça assada. Ninguém fica imune a tudo isso, e de quando em vez, arrumo a mala e vou respirar o ar puro do sertão, e me embriagar de poesia.

Hoje, Zelito nos traz tudo isso nas páginas dos seus livros, com o seu jeito manso de contar histórias como se estivéssemos na varanda da “Fazenda Pedras da Barra" ou debaixo do umbuzeiro no quintal da casa de Zé de Cazuza.
Agora é só deitar na rede, empurrar o pé na parede (como nos versos de Pinto) e se deleitar com a narrativa de histórias que não poderiam acontecer em nenhum outro lugar do mundo, só nesse fabuloso sertão da Paraíba e de Pernambuco. Obrigado, Zelito, pela iniciativa do registro, este acervo cultural sai da memória de um povo para se imortalizar nas páginas dos seus livros.
Zelito percorre no Recife, os locais onde se pode encontrar um pouco de sertão e de sertanejos, sempre dispostos a uma boa conversa, com histórias e causos engraçados (ocorridos ou criativamente inventados) tudo isso regado à carne de bode, queijo de coalho e uma boa birita.
 
As vésperas de receber o merecido título de Cidadão da Cidade de São José do Egito e na impossibilidade de estar presente a solenidade venho parabeniza-lo e prestar homenagens ao mais novo Cidadão Egipiciense.


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