Zelito Nunes |
Joselito
Nunes o Contador de Histórias
Nasceu na
Prata região do Cariri Paraibano na época pertencente ao município de Monteiro PB.
O poeta reside no Recife há mais de quarenta anos sem, no entanto, perder suas
raízes sertanejas, daí o atributo de excelente contador de histórias. Bacharel
em direito e professor nos encontramos na UFRPE quando o mesmo era diretor da
gráfica universitária, hoje aposentado pelo TCU. Certa feita me pediu para
escrever alguma coisa como apresentação de um livro de sua autoria. Tentando
resumir em poucas palavras a influencia deste sertanejo na minha vida e na
minha relação com o sertão disse o seguinte.
Fiz o
caminho inverso ao de Zelito, sou do "Ricife" urbano, praieiro, e
pelas mãos deste sertanejo contador de histórias, conheci o sertão e fiquei
apaixonado pelo lugar onde a poesia brota em cada canto, seja num pé de parede,
numa mesa de bar ou em uma simples conversa no balcão de uma bodega, onde
histórias engraçadas são contadas e recontadas, vivendo durante gerações na
memória de seus personagens sem que houvesse até então nenhum registro das
mesmas.
Em longas andanças com Zelito conheci
Monteiro, Boi Velho (hoje Ouro Velho), Prata, São José do Egito, Tabira, todo
Cariri Paraibano e o Vale do Pajeú. Poetas e cantadores, todos da melhor
estirpe, como: Zé de Cazuza, Pinto do Monteiro, Jô Patriota, Lourival Batista,
João Furiba, Zeto e tantos outros luminares do repente e da poesia. Comi carne
de bode com cuscuz no café da manhã, arroz de leite, baião de dois e feijão de
corda com linguiça assada. Ninguém fica imune a tudo isso, e de quando em vez,
arrumo a mala e vou respirar o ar puro do sertão, e me embriagar de poesia.
Hoje, Zelito nos traz tudo isso nas
páginas dos seus livros, com o seu jeito manso de contar histórias como se
estivéssemos na varanda da “Fazenda Pedras da Barra" ou debaixo do
umbuzeiro no quintal da casa de Zé de Cazuza.
Agora é só deitar na rede, empurrar o
pé na parede (como nos versos de Pinto) e se deleitar com a narrativa de
histórias que não poderiam acontecer em nenhum outro lugar do mundo, só nesse
fabuloso sertão da Paraíba e de Pernambuco. Obrigado, Zelito, pela iniciativa
do registro, este acervo cultural sai da memória de um povo para se imortalizar
nas páginas dos seus livros.
Zelito percorre no Recife, os locais
onde se pode encontrar um pouco de sertão e de sertanejos, sempre dispostos a
uma boa conversa, com histórias e causos engraçados (ocorridos ou criativamente
inventados) tudo isso regado à carne de bode, queijo de coalho e uma boa
birita.
As vésperas de receber o merecido
título de Cidadão da Cidade de São José do Egito e na impossibilidade de estar
presente a solenidade venho parabeniza-lo e prestar homenagens ao mais novo
Cidadão Egipiciense.