Neste local funcionou o Club Escandinávia por muitos anos. |
Vamos pra casa de Noca!
Até pouco tempo funcionava nas
redondezas de onde moro um rendez-vous,
ou casa de tolerância, ou pensão de fulana, estas sempre nomes fictícios e
charmosos, Maria José, Antônia e Severina se transformavam em Shirley,
Margarida e Leda, para impressionar e dar status. Pelo menos uma destas casas ficou famosa nacionalmente, a lendária Maria Boa, que funcionou em Natal RN e era visitada por gente muito influente, que vinha do sul e sudeste apenas para conhecer e usufruir é claro da hospitalidade das belas damas da casa cuja fama ultrapassou fronteiras. Em Teresina, Piauí, quem dava as ordens era Beth do Cuscuz, com seu estabelecimento bem próximo ao comando da Polícia Militar para garantir a segurança dos frequentadores. Participantes de congressos, encontros e similares que ocasionalmente ocorriam na capital, tinham desconto nas despesas. Na prática as proprietárias,
chamadas também de cafetinas, mantinham belas garotas, sempre jovens e a gosto
do freguês. Estes locais normalmente frequentados por endinheirados e figuras
da sociedade, dizem até, que um ex-governador de Pernambuco, com fama de
raparigueiro, costuma visitar umas delas. No passado eram os coronéis, os
usineiros e outras personalidades, desde que tivessem dinheiro, o prazer era
garantido. Pois bem, uma minha quase vizinha, proprietária de um desses ponto
de encontro conhecida por Odete, ou a Casa de Odete, muros altos, portões
sempre fechados, abriam apenas para fregueses conhecidos e abonados. Odete
ficou famosa no bairro até bem pouco tempo, gastava muito no comércio local
pagando sempre em dinheiro vivo, nunca cheques ou cartão de crédito. Havia sempre o boato, aqui acolá diziam
“fecharam a Casa de Odete” a polícia deu uma batida, prendeu todo mundo
inclusive Odete. Se acontecia, ou não, a verdade é que logo em seguida a casa
estava funcionando a todo vapor com Odete se gabando que a polícia estava em
suas mãos e que suas amizades com os poderosos do governo não permitiam que
fosse incomodada. Ah! Se eu botar a boca no mundo de quem frequenta a minha casa
o rebu vai ser grande, ninguém mexe comigo. Dizia em alto e bom som a conhecida
alcoviteira.
A coisa de um ano, ou pouco mais,
não voltaram a falar de Odete, parece que agora fechou, ou mudou de endereço, o
mais provável. Um pouco mais distante, ali pros lados de Piedade, ainda existe
uma casa que faz propaganda abertamente, exibindo em fotos, de belas garotas,
algumas classificadas como ninfetas, Acrescenta que tem piscina, sauna de
dancing. Em passado recente era conhecida como Club Escandinávia e segundo os
fregueses tinha o melhor plantel da cidade. Agora tem outro nome e nova administração.
Me falaram, que o antigo proprietário havia falecido, depois de ter mantido a
casa por muitos anos, deveria, a meu ver, ter sido tombada pelo patrimônio
histórico, haja vista que estão praticamente extintas e perderemos mais esta
referência de hábitos e costumes da vida sexual de boêmios e quengueiros.
O nosso velho e saudoso Capiba,
imortalizou esse tipo de “casas” com um belo frevo canção que começava assim:
Vamos pra casa de Noca que lá é bom e tem tudo que se quer, Vamos pra casa de
Noca, pra seu Governo tá assim de mulher!