quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Viajando pelo Brasil

Cidade de Goiás, também conhecida como Goiás Velho.

Na recente visita a cidade de Goiás, berço da poetisa Cora Coralina, fiquei surpreso com o belo casario e a singela beleza do lugar. A famosa casa da ponte, onde Cora preparava seus doces e escrevia suas poesias, é hoje um museu, depositário de seus pertences e de sua memória.
Foto Paulo Carvalho
Rua do Hospital
Ruas de pedra abrigam antigas e bem conservadas casas, verdadeiros monumentos da história do Brasil colônia. Belas igrejas e uma praça com direito a coreto, sorveteria, lampiões, banquinhos de madeira, crianças andando de patinete e encontros de jovens namorados, tudo como nos velhos tempos.

Foto Paulo Carvalho
Casa da Ponte antiga residência da poeta Cora Coralina

O ponto de encontro das pessoas da cidade, já não atrai tantas assim, embora mantenha sua arquitetura original e características dos antigos parques públicos. O prato típico da região é o empadão Goiano  encontrado em lanchonetes espalhadas pela cidade.
Coreto
Eita Brasil velho com tanta coisa pra se vê. O meu espírito cigano ultimamente tem me levado a lugares incríveis e maravilhosos.
Foto Paulo Carvalho
Casa da Ladeira

Casario do Chafariz

 A cidade é do jeito que a gente gosta, falo de quem curte fotografar, não tem postes, transformadores, fios emaranhados na frente das casas como se pode observar nestas imagens. Monumentos e residências bem cuidadas, ruas limpas, é como se estivessem esperando pelos visitantes para uma boa acolhida.
Casa com Lampião
 No meu caso específico evito as grandes cidades, nelas já não tenho mais o que ver, as pessoas se esquivam de uma conversa por medo da violência ou absoluta falta de tempo para isso. Viajo por onde possa conversar, conhecer as pessoas, seus hábitos e costumes, sua cultura, e registrar tudo na minha mente, além de, na volta, compartilhar as fotos com os amigos e familiares.
 
Praça ao entardecer
 Acordo cedo para fotografar nas ruas ainda desertas, a luz da manhã ajuda, não tenho que lutar contra ela como no sol a pino com fortes contrastes, quando tenho que ficar preocupado demais com o fotômetro. Não tenho pretensões maiores como fotógrafo muito menos como colunista, apenas a vontade de registrar aquilo que vejo durante as minhas andanças por este mundo afora.

Cruz de Anhangüera

Banco da ponte

Nesta casa de número 15 na principal praça da cidade, nasceu o escritor e poeta Goiano Braga Horta, seu irmão o poeta Anderson Braga Horta, filhos da também poeta Maria Braga Horta. Os ventos desta acolhedora cidade devem ser favoráveis aos poetas e as pessoas de bem.
 
Casarão
 
Vista da Igreja
 
 
Casa da ponte - Lateral
 
 
Todas as vidas
                Cora Coralina
Vive dentro de mim 
uma cabocla velha 
de mau-olhado, 
acocorada ao pé do borralho, 
olhando pra o fogo. 
Benze quebranto. 
Bota feitiço... 
Ogum. Orixá. 
Macumba, terreiro. 
Ogã, pai-de-santo...
Vive dentro de mim 
a lavadeira do Rio Vermelho. 
Seu cheiro gostoso 
d'água e sabão. 
Rodilha de pano. 
Trouxa de roupa, 
pedra de anil. 
Sua coroa verde de são-caetano.
Vive dentro de mim 
a mulher cozinheira. 
Pimenta e cebola. 
Quitute bem-feito. 
Panela de barro. 
Taipa de lenha. 
Cozinha antiga 
toda pretinha. 
Bem cacheada de picumã. 
Pedra pontuda. 
Cumbuco de coco. 
Pisando alho-sal.
Vive dentro de mim 
a mulher do povo. 
Bem proletária. 
Bem linguaruda, 
desabusada, sem preconceitos, 
de casca-grossa, 
de chinelinha, 
e filharada.
Vive dentro de mim 
a mulher roceira. 
- Enxerto da terra, 
meio casmurra. 
Trabalhadeira. 
Madrugadeira. 
Analfabeta. 
De pé no chão. 
Bem parideira. 
Bem chiadeira. 
Seus doze filhos, 
Seus vinte netos.
Vive dentro de mim 
a mulher da vida. 
Minha irmãzinha... 
tão desprezada, 
tão murmurada... 
Fingindo alegre seu triste fado.
Todas as vidas dentro de mim: 
Na minha vida - 
a vida mera das obscuras.
 
  
Arruado


Rio Vermelho


Lampião


Fachada


Pé de serra


IPHAN


Esquina








 
 
 


 

 

 

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