segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Centenário de Orlando Silva



"Foi o mais perfeito cantor do Brasil. E um dos mais completos do mundo" 
(Rui de Castro)

Nascido em 03 de outubro de 1915, Orlando Garcia da Silva, completaria 100 anos se não tivesse nos deixado em agosto de 1978 vítima de um AVC quando se preparava para dormir em sua casa.

Ficou conhecido como, O CANTOR DAS MULTIDÕES, título dado por Oduvaldo Cozzi, radialista e locutor, que assim passou a apresenta-lo devido ao fato de Orlando reunir milhares de pessoas em suas apresentações. Segundo alguns pesquisadores e historiadores, em São Paulo durante uma de suas apresentações, no auge da fama, chegou a reunir cerca de um milhão de pessoas em praça pública, um verdadeiro fenômeno considerando à época.

Todos os críticos concordam que a sua melhor fase é a da RCA que terminou com a saída de Orlando em 1942, sem uma explicação convincente, exceto o fato da gravadora ter contratado Nelson Gonçalves com apenas 24 anos e uma voz muito parecida com a de Orlando.

Em seguida, Orlando passou meses afastado da vida artística, envolvido num conturbado romance com a atriz Zezé Fonseca, e envolvimento com drogas e alcoolismo. Quando retornou a vida profissional, sua voz já não era a mesma, coisa que ele nunca admitiu, mas a vida desregrada tinha afetado suas cordas vocais, fazendo com que tivesse que reduzir um tom. Segundo amigos e críticos a voz de Orlando tinha "envelhecido" e o cantor tinha apenas 27 anos. Mesmo assim continuou gravando, fazendo shows e programas de rádio. Na verdade nunca abandonou os palcos, tinha agenda marcada pouco antes de falecer aos 62 anos.

Responsável por inúmeros sucessos, Orlando Silva se orgulhava de escolher ele mesmo o seu repertório, sem influência de ninguém. E fez isso muito bem se considerarmos  que o cantor por conta de dificuldades financeiras na adolescência, teve que trabalhar muito cedo para ajudar na despesa da casa, onde sua mãe viúva, lavava roupa para garantir parcamente o sustento da família. Por esta época sofreu um acidente ao cair de um bonde, e perdeu parte do pé o que lhe rendeu um ano afastado entre hospital e sua recuperação em casa. Passado este fato seguindo conselhos de sua mãe e de amigos, e isso inclui os vizinhos que o ouviam cantar de preferência no topo de arvores frutíferas nos quintais alheios, procurou   por várias vezes as rádios locais, sem sucesso, sendo inclusive desclassificado em um programa de calouros. Já estava desistindo, quando por arte do destino, foi visto cantando pelo compositor Bororó, autor de sucessos como Curare, gravado anos depois por Orlando. Bororó entusiasmado com voz do rapaz, mostrou seu achado para Francisco Alves, este ao ouvi a nova revelação, viu naquele jovem não apenas um grande cantor, mas alguém que poderia concorrer com Silvio Caldas que fazia grande sucesso e de certa forma atrapalha a brilhante carreira do Rei da Voz. Daí por diante, apresentado por Chico Alves, todas as portas se abriram para Orlando Silva de destacar e em pouco tempo ficar tão famoso como seu padrinho musical.

Orlando Silva dispunha de farto material para compor o seu repertório, com grande audiência, recebia de todos os bons compositores músicas para gravar, arranjadores com Radamés Gnattali, e músicos da melhor qualidade para acompanha-lo.

Deixou muitos seguidores, como João Gilberto, Lúcio Alves, Paulinho da Viola e uma infinidades de cantores que nele se espelharam em suas carreiras.
Segue uma lista dos grandes sucessos de Orlando Silva.

·         A jardineira, Benedito Lacerda e Humberto Porto (1939)
·         A última estrofe, Cândido das Neves (1935)
·         Abre a janela, Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti (1937)
·         Alegria, Assis Valente e Durval Maia (1937)
·         Amigo leal, Aldo Cabral e Benedito Lacerda (1937)
·         Aos pés da cruz, Marino Pinto e Zé da Zilda (1942)
·         Atire a primeira pedra, Ataulfo Alves e Mário Lago (1944)
·         Brasa, Felisberto Martins e Lupicínio Rodrigues (1945)
·         Caprichos do destino, Claudionor Cruz e Pedro Caetano (1938)
·         Carinhoso, João de Barro e Pixinguinha (1937)
·         Cidade-mulher, Noel Rosa (1936)
·         Curare, Bororó (1940)
·         Errei, erramos, Ataulfo Alves (1938)
·         Eu chorarei amanhã, Ivo Santos e Raul Sampaio (1957)
·         Juramento falso, J. Cascata e Leonel Azevedo (1937)
·         Lábios que beijei, J. Cascata e Leonel Azevedo (1937)
·         Lero-lero, Benedito Lacerda e Eratóstenes Frazão (1942)
·         Mágoas de caboclo, J. Cascata e Leonel Azevedo (1936)
·         Mal-me-quer, Cristóvão de Alencar e Newton Teixeira (1939)
·         Meu Consolo É Você, Nássara e Roberto Martins (1938)
·         Meu romance, J. Cascata (1937)
·         Nada além, Custódio Mesquita e Mário Lago (1938)
·         Número um, Benedito Lacerda e Mário Lago (1939)
·         Pecadora, Agustín Lara, versão de Geber Moreira (1947)
·         Quero beijar-te ainda, Paulo Tapajós (1955)
·         Quero dizer-te adeus, Ary Barroso (1942)
·         Rosa, Otávio de Sousa e Pixinguinha (1937)
·         Sertaneja, René Bittencourt (1939)
·         Súplica, Déo, José Marcílio e Otávio Gabus Mendes (1940)

Clicando em Vôte Escuta Só no lado direito da página, você tem acesso as músicas cantadas por Orlando Silva na sua fase da RCA Victor.
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