A
hipocrisia reina nesta época de Natal, as pessoas lotam as lojas para comprar
uma roupa nova, um adereço, uma árvore de Natal. Ninguém pensa no
aniversariante, mas em si mesmo, muito menos naqueles que nada possuem, nos
deserdados da sorte, que muitas vezes está ao seu lado.
Temos realmente o que comemorar? Ouço todos os anos,“ Um
Feliz Natal! Feliz Ano Novo, este ano vai ser melhor” Na areia da praia da Boa
Viagem os toldos se multiplicam, com imensa fartura de comidas e bebidas as
mais sofisticadas... Chegam a disputar em Babilônicos “rega bofes” quem gasta
mais, e quem vai ocupar o maior e melhor espaço, próximos aos hotéis de luxo
onde pequenas fortunas são queimadas em foguetório, dinheiro este que traduzido
em comida daria para alimentar centenas de pessoas excluídas desta tão badalada
noite de fraternidade Cristã. Nos semáforos do mesmo bairro crianças seminuas
esmolam sob olhares indiferentes de motoristas que fecham o vidro do carro a
sua aproximação, e por vezes lhes dirigem impropérios, jogam pontas de cigarros
e até cospem nos infelizes para que se afastem dos automóveis. E a ladainha
continua... Tenha fé Deus proverá. Esta novela existe há
séculos. Haja paciência.
Até quando, vamos,
resignadamente acreditar que no próximo ano tudo vai ser diferente? Que haverá
paz e solidariedade entre os povos, que todas as pessoas terão suas
necessidades básicas satisfeitas minimamente, e que nenhuma criança ira morrer
de fome ou sem assistência médica.
As guerras, os massacres, a
intolerância, o racismo, a usura, o desrespeito a natureza, continuarão a
existir no ano seguinte e em todos os outros, e como aconteceu nos anos que já
passaram.
E apesar de tudo isto, sem
nenhum rancor ou ressentimentos eu desejo a todos... Vida longa para que todo
final de ano possam reler tudo isto e mudar, só a data.