Cada do CD |
Casualmente quando procurávamos um livro de um autor local sobre a cidade de Viçosa do Ceará encontramos a Casa dos Licores e ficamos conhecendo a história de Alfredo Miranda. Transcrevemos o texto abaixo escrito pela filha do músico.
Alfredo Miranda
Traz para nós, xotes, mazurcas e
valsas antigas.
Texto: Verônica Maria Mapurunga de
Miranda
Algumas delas anônimas,
perdidas no tempo e resgatadas na memória nostálgica e
plangente de seu "pife". Algumas delas conhecidas, mas
tocadas de forma original , com arranjos e "floreios"
especiais, próprios do mestre do "pife". Além dos arranjos, os
títulos também mudam em uma visão particular calcada na memória dos
"tempos antigos".
O
som especial do instrumento feito de taboca (um tipo de bambu) é
rústico, é telúrico, nos lembra a terra com seu cheiro molhado em dias de
chuva. O repertório é antigo e nos traz reminiscências de um
tempo que não vivemos, mas que podemos sentir quando olhamos as casas
antigas, e as árvores centenárias de nossa cidade-Viçosa do Ceará.
Entre canções de sua autoria e de outros compositores da terra, ele
resgata para nós, a efervescência cultural vivida pelos viçosenses, em sua
cidade, desde o final da década de 20 até a década de 40.
Período de turbulências políticas, foi também época de grande
desenvolvimento cultural, quando marchas e frevos conviviam
harmoniosamente com as antigas mazurcas, valsas e xotes, nos salões do
antigo Gabinete Viçosense de Leitura (sociedade lítero-cultural) e na sede da
Legião Operária (Círculo Operário Católico). Ao mesmo tempo em que se editava
o jornal Polyanthéa do Gabinete Viçosense de Leitura, e o cinema mudo
(instalado no antigo Teatro D. Pedro II) transformava-se em cinema falado, os
mestres das bandas (Marreta e Democrata) ligadas aos dois partidos políticos
da cidade, desfilavam suas composições em retretas no coreto da praça, em
alvoradas, nos salões de baile ou pelas ruas da cidade.
A memória musical desse período confunde-se com a própria trajetória de
Alfredo Miranda que viveu sua mocidade nessa época, como ativo partícipe
dessas atividades. Mesmo tendo aprendido os primeiros acordes musicais
do seu "pife"no Sítio Buíra onde nasceu, com antigos mestres do
"pife" tão comuns naquela época, é no seu engajamento nas
várias atividades sociais e políticas da cidade que vai incrementar seu
repertório: como membro da Legião Operária, nas festas do Gabinete Viçosense de
Leitura, como operador do cinema, e nas breves aulas na escola de
música de João Sacristão.
Naquela época, a cidade era o palco das imorredouras bandas Marreta e
Democrata e dos seus "mestres" (ou maestros), que povoavam Viçosa
do Ceará de música, trazidos agora para nós, através do tempo, por Alfredo Miranda ao Pife.
Toca Menestrel! A
cidade te escuta e te
aplaude!
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Verônica Maria
Mapurunga de Miranda
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