Foto Paulo Carvalho |
O Homem e o Caranguejo.
Maciel Melo.
Dizem que, entre os caranguejos, os de baixo puxam os de cima. Mas, olhando por outro ângulo, vejo que, na verdade, eles penduram-se uns nos outros, para formarem uma corrente e tentar sair do buraco da lama; diferentemente da raça humana, na qual os de cima pisam nos de baixo, para que eles se enterrem mais ainda.
Estamos num bumerangue; indo “da lama ao caos, do caos à lama”.
Mas a esperança será sempre a última a morrer; enquanto houver caranguejos, enquanto não aterrarem o mangue e subirem mais edifícios de vinte e cinco andares, haverá sempre um Josué de Castro para descrever o berro dos que fazem os alicerces para arranha-céus.
Há um vulcão adormecido sob o pré-sal da lama, querendo acordar. Já está se espreguiçando, está bocejando, e o bafo é forte, nem criolina mata as bactérias que irão se espalhar no entorno de sua redondeza. “Tadin” de nós se esse infeliz acordar.
Mas amanhã será outro dia, e “tudo pode acontecer; inclusive uma virada”.
Foto Paulo Carva |
Teimosia
Maciel Melo
Não beba a palavra no cálice.
Não se cale, deguste o verbo, não cuspa no ódio; ele pode vomitar em você. Não engula a ira dos tiranos. Não faça sopa de letrinhas com sangue: os coágulos podem engasgar. Não silencie o medo; deixe o amor falar. A dor quer sangrar, mas é preciso estancar o verbo, que dá vazão à ira, à raiva, à barbárie, à desumanização e à unicidade que massacra o coletivo.
Não se cale. Fale, converse, não tergiverse. Deixe a vida escutar.
Se lhe amputarem a língua, faça mímica, mas não se cale.
"No Chile a ditadura de Pinochet mandou cortar as mãos de Victor Jara para que ele não mais cantasse suas músicas de protesto. Victor em pleno Estádio Nacional repleto de presos políticos, abraçou o violão e apenas com os punhos iniciou uma canção acompanhado de milhares de vozes que se juntaram a dele.
É isso poeta ninguém cala a voz de um cantador se ele canta a liberdade e o amor.
Contra o fascismo e um Brasil feliz" Paulo Carvalho
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