Com o devido consentimento transcrevo na íntegra este artigo
do Professor e amigo Argus Vasconcelos de Almeida
que considero de profunda importância para a compreensão dos nossos
conhecimentos atuais sobre biologia, medicina,
química, e farmacologia. Bem fundamentada a pesquisa do Professor Argus nos
mostra que não existe inventor sem precursor, que existe uma raiz, uma fonte
onde a ciência moderna foi beber ao longo dos
séculos, que a história não está desvinculada da realidade. Antes
de todo o arsenal terapêutico que dispomos hoje estavam os magos, as bruxas, os
alquimistas, que buscavam a cura e o alívio do sofrimento humano causados pelas
doenças. Se chegamos às células tronco, aos clones e chegaremos a muito mais no
futuro, isto se deve ao legado daqueles que enfrentaram a desconfiança, a
perseguição e pagaram até com a vida a audácia de desvendar o desconhecido.
A GERAÇÃO MÁGICA DO HOMÚNCULO
Com o devido consentimento transcrevo na íntegra este artigo
do Professor e amigo Argus Vasconcelos de Almeida
que considero de profunda importância para a compreensão dos nossos
conhecimentos atuais sobre biologia, medicina,
química, e farmacologia. Bem fundamentada a pesquisa do Professor Argus nos
mostra que não existe inventor sem precursor, que existe uma raiz, uma fonte
onde a ciência moderna foi beber ao longo dos
séculos, que a história não está desvinculada da realidade. Antes
de todo o arsenal terapêutico que dispomos hoje estavam os magos, as bruxas, os
alquimistas, que buscavam a cura e o alívio do sofrimento humano causados pelas
doenças. Se chegamos às células tronco, aos clones e chegaremos a muito mais no
futuro, isto se deve ao legado daqueles que enfrentaram a desconfiança, a
perseguição e pagaram até com a vida a audácia de desvendar o desconhecido.
Argus Vasconcelos de Almeida
Professor Titular aposentado do Departamento de Biologia da UFRPE
Introdução.
Por
mais estranhas que nos possam parecer as tentativas mágicas de criação da vida
humana, nos adverte Philip Ball (2007), em diversas citações, que a magia pode
ser considerada ontologicamente como uma precursora da ciência.
Assim, o historiador Wayne Shumaker faz uma observação que serve para nos
lembrar que muitas histórias da ciência têm negligenciado: “no Renascimento a
chamada magia era uma ancestral quase direta da verdadeira ciência do que
qualquer uma das filosofias dominantes, tanto o aristotelismo, quanto o
platonismo” (BALL, 2007)
“O Mago do Renascimento”, diz o historiador Frances Yates, “é o ancestral
imediato do cientista do século XVII” (BALL, 2007).
A Magia foi, sem dúvida ligada a superstições medievais, mas também era
uma pré-condição para a ciência. De fato, se o século XV teve uma ciência em
tudo, era a “ciência da magia” (BALL, 2007).
Escreve o
Prof. Adriano de León, sobre isso:
O imaginário
da sociedade quinhentista está povoado de um discurso eclético que abriga
desde as Ciências Ocultas até os primeiros experimentos clássicos da
Ciência Moderna. Desta maneira, ocultistas como Ficino, Cornelius Agrippa,
John Dee, Giordanno Bruno e Robert Fludd participavam das mesmas escolas
secretas que Copérnico, Kepler, Darwin e Newton. [...] Foi graças à Magia
Natural que se esboçou a ciência natural moderna. A compreensão dos reinos
mineral e vegetal, sua classificação, a fisiologia dos seres vivos e o uso
dos minerais já era matéria de estudo da Magia Natural, mas sob uma outra
ótica. A visão das ciências naturais visavam o estudo dos seres e do mundo
físico a partir de leis compreensíveis e regulares do mundo material, mundo
sem intervenções de ordem sobrenatural de qualquer espécie (LÉON, 2004, p.
03).
Segundo o autor, a Idade Clássica vai conferir ao conjunto de saberes
ocultos o status de ciência. Isto seria
aceitável numa época em que ainda não havia a clássica definição de ciência e
seus argumentos metodológicos, e a construção de uma epistemologia científica
dependia, em larga escala, de saberes outros que serviriam de cadinho para a
formação de um espírito verdadeiramente científico (LEÓN, 2004).
Entretanto, atualmente, existe uma narrativa que acredita que a Ciência
Moderna é fruto de geração espontânea, e nenhuma relação tem com outras formas
de saberes, a exemplo das Ciências Ocultas (LEÓN, 2004).
O sonho humano de geração da vida artificial é muito antigo. Pode ser
acompanhado desde a antiguidade grega até os dias atuais, como nas tentativas
de criação da vida em laboratório.
Todos os esforços para criar seres humanos artificiais são mais ou menos
fantasiosos, mas eles têm raízes profundas na cultura ocidental. Todos
expressam temores sobre a supostamente traiçoeira natureza faustiana da
tecnologia, e todos questionam se qualquer pessoa artificialmente criada pode
ser verdadeiramente humana (BALL, 2016).
Segundo Ball (2016), a biologia sintética parece ir ao coração de uma das
mais profundas e antigas dessas imaginações: a criação e o controle da vida
através da “techné” . A biologia sintética tem um potencial que vai muito além
da criação de medicamentos. Não deveríamos achar surpreendente se tais poderes
despertem velhos mitos e associações. Precisamos estar cientes da influência
histórica de nossos mitos, suas mensagens morais ocultas e os preconceitos e
premonições que elas invocam. Nunca houve um Fausto que negociou com o diabo, o
monstro de Frankenstein nunca foi criado, o Admirável Mundo Novo nunca chegou –
mas a verdadeira razão pela qual ainda estamos invocando essas imagens é que
elas ainda se encaixam nas formas de nossos pesadelos (BALL, 2016).
Assim, é objetivo do presente trabalho tentar entender como foram
construídas as tentativas mágicas da geração do homúnculo.
Primórdios homunculares
O Liber aneguemis ("Livro
das Leis"), é uma obra latina de magia natural prática dos séculos
XII-XIII. Também era conhecido como Liber
Vaccae ("O Livro da Vaca") ou Liber
Institutionum Activarum. É um dos mais antigos grimórios (livro de
feitiços) conhecidos e serviu de inspiração para outros tratados posteriores da
alquimia.
O Liber aneguemis foi baseado
na tradução do manuscrito árabe do século IX intitulado Kitab an-Nawamis, que foi a tradução árabe atribuída a Hunayn ibn
Ishaq[1],
de um texto escrito supostamente por Platão. Está dividido em duas partes:
Liber Maior ("O livro-mestre") e Liber Minor ("O livro
menor").
O “Livro-Mestre” contém receitas para adquirir poderes (invisibilidade,
adivinhação, o domínio de fenómenos naturais, transformação, etc.) e para a
criação de seres vivos artificiais híbridos, especialmente de substâncias,
incluindo preparações minerais, fluidos corporais ( como o esperma e o sangue)
e o resto corporal de homens e animais, utilizando-se, além disso, recipientes
de vidro e metal, dentro de um laboratório mágico.
O título alternativo Liber vaccae
é relativo a um par de experiências, em que uma entidade humana para ser criada
deve ser utilizada uma vaca (ou sua falta, uma ovelha), esperma humano, o
sangue dos animais e componentes alquímicos, e outro onde, do sacrifício de uma
vaca, procede à geração de abelhas (bugonia). É comum ver na obra como o corpo
dos animais torna-se uma espécie de destilador. "O livro menor", por
outro lado, lida com a questão das ilusões de ótica e a criação de artefatos
para alcançá-lo.
Eis a fantasiosa descrição do procedimento da geração de um homúnculo: o
mago ou iniciante deve misturar seu próprio sêmen, ainda morno, com uma
quantidade equivalente de "pedra do sol", e com essa mistura ele deve
inseminar uma vaca ou ovelha de sua escolha. Tendo introduzido a mistura no
animal, untar os órgãos genitais da besta com o sangue de vaca (se inseminadas
ovelhas), ou vice-versa, e trazer o animal em uma casa escura onde o sol não
penetra. Durante o período de gestação, a forragem da vaca deve ser misturada
com o sangue da ovelha (ou com sangue de vaca, se o animal for inseminado como
ovelha). Enquanto isso, o mago deve preparar uma mistura de “pedra do sol” em
pó, enxofre, pedra magnética e “totohis” verdes, tudo misturado com seiva de
salgueiro branco. Quando o animal finalmente para, a substância que expele deve
ser colocada dentro dessa mistura para que a pele cresça. O homúnculo deve
permanecer em um recipiente de vidro ou chumbo por três dias até que esteja com
fome voraz. Então, por sete dias, ele receberá o sangue da mãe decapitada, o
que fará com que a criatura se desenvolva completamente. A criatura assim
criada pode ser usada mais tarde como um ingrediente mágico: se um homem for
decapitado e receber seu sangue, ele será transformado em uma vaca ou ovelha;
se for mantido vivo por um ano e banhado com leite e água da chuva, será capaz
de prever acontecimentos futuros (LIBER ANEGUEMIS).
Já a Espagíria renascentista é uma síntese de dois verbos gregos spau e agereum, coagular e dissolver, que é o axioma básico da alquimia. A
Espagíria então pode ser compreendida como a alquimia dos elixires destinada a
obtenção de um fármaco perfeito, mediante práticas alquimistas. Embora que
predominantemente o processo envolvesse fermentações, destilações e extrações
de componentes minerais de madeiras e plantas, também foi usada para produtos
de origem animal, inclusive do próprio homem. A Paracelso (1493-1541) não se
deve somente a denominação e o conceito da Arte Espagírica, mas também a
introdução desta na Europa e da sua saída dos mosteiros e palácios para os
laboratórios (ALMEIDA, 2013).
Numa passagem célebre do livro De
Natura Rerum (1537), Paracelso imagina a possibilidade de um homem ser
gerado artificialmente:
Tem-se discutido muito a idéia de que a natureza e a ciência nos teriam
proporcionado meios para criar um ser humano sem a interferência da mulher.
Quanto a mim acho que isto é completamente possível e não é contrário às leis
da natureza. Dou aqui as normas que deverão ser observadas para que se atinja
esse objectivo. Põe-se num alambique a porção suficiente de sémen humano, sela-se
o alambique e este é conservado durante quarenta dias à temperatura semelhante
à que prevalece no interior dum cavalo. Ao fim de este prazo, a semente humana
começa a crescer, a viver e a mover-se. Já então deve possuir forma humana,
embora pareça transparente e imaterial. Durante mais quarenta semanas, deve ser
cuidadosamente alimentada com sangue humano e guardada no mesmo local aquecido.
Torna-se então uma criança viva, com todas as características de um
recém-nascido de mulher, porém menor. A isso se dá o nome de homúnculo. Deve
ser tratado com todo o cuidado, até crescer o necessário e começar a evidenciar
sinais de inteligência (PARACELSUS, 1537).
O
médico e alquimista John French (1616-1657) escreveu na segunda metade do
Século XVII, o livro “A Arte da
Destilação”. O livro de French tem o longo título:
The Art of Distillation. Or, A Treatise
of the Choicest Spagyrical Preparations Performed by Way o£ Distillation, Being
Partly Taken Out of the Most Select Chemical Authors of the Diverse I,anguages
and Partly Out of the Author's Manual Experience together with, The Description
of the Chiefest Furnaces and Vessels Used by Ancient and Modern Chemists also A
Discourse on Diverse Spagyrical Experiments and Curiosities, and of the Anatomy
of Gold and Silver, with The Chiefest Preparations and Curiosities Thereof, and
Virtues of Them All. All Which Are Contained In Six Books Composed By John
French, Dr. of Physick. London. Printed by Richard Cotes and are to sold by
Thomas Williams at the Bible in Little-Britain without Aldersgate, 1651. (cuja
tradução é: A arte da destilação. Ou, um tratado das mais escolhidas
preparações espagíricas executadas por via da destilação, sendo parcialmente
retirado dos autores químicos mais seletos e de diversas linguagens e em parte
da experiência pessoal do Autor, bem como, da descrição dos fornos e vasos
utilizados pelos químicos antigos e modernos e também um discurso em diversos
experimentos espagírico e curiosidades, e da anatomia do ouro e da prata, com
as principais preparações e curiosidades do mesmo, e virtudes de todos eles.
Tudo está contido em seis livros compostos por John French, médico de Londres.
Impresso por Richard Cotes e vendidos por Thomas Williams na Bíblia em Little-Grã-Bretanha,
Aldersgate, 1651).
Do golem cabalístico ao homúnculo de Paracelso
Abu Mūsā Jābir ibn Hayyān (também conhecido pela versão latinizada do seu
nome, Geber, (c.721–c.815) foi um polímata, filósofo e alquimista islâmico.
Supõe-se que ele foi o primeiro explorador hermético a realizar experiências
proto-homunculares, discursando sobre a forma de animar estátuas, com base no
principio de que todos os fenômenos naturais seriam efeitos de uma energia
sutil que penetrava e animava a matéria inerte. Assim, descreveu um aparelho de
vidro, cristal ou pedra para produzir seres humanos (PINTO-CORREIA, 1999).
Em seguida a Geber, a criação de
homúnculos foi mencionada por Simon Magus, Arnau de Vilanova, Agrippa von
Nettenshein, Robert Fludd e Paracelso. O desejo de sua criação pode ter servido
a diversos desígnios, tais como a proteção dos homens como o golem na legenda
judaica, ou o desígnio de transgredir os limites humanos ou u possuir um desejo
onipotente de superar as limitações humanas e se tornar um Deus onipotente
(ALMEIDA, 2013).
Pode-se argumentar que um gigante feito de barro dificilmente poderia ser
considerado um homúnculo, pois esse termo é usado para designar pequenas criaturas.
Contudo, a lenda dos golems constitui um tema de estudo interessante sobre a
tentativa de criar a vida humana artificialmente.
O autor cabalista medieval Eleazar de Worms (1176-1239) acreditava poder
criar um homem artificial (Golem) com uma mistura de letras e práticas mágicas,
destinadas a obter determinadas experiências místicas, durante as quais o Golem
adquiriria vida autônoma.
Se Deus criou o cosmos mediante o pensamento e o verbo com suas letras e
números, o homem poderia ser possuidor dos meios e realizar toda uma série de
prodígios, obviamente em menor escala, mas que modificariam a natureza
interior. Neste sentido, o ser humano sabedor das leis e escrituras, poderia
gerar criações artificiais com a combinação adequada dos 72 signos alfabéticos
do nome de Deus, seguindo as instruções do livro cabalístico de Yetsira (CHINCHILLA-SÁNCHEZ, 2001).
Nos ensinamentos de Eleazar de Worms no ritual do golem, tomaria-se a
terra não trabalhada da montanha amassada em água corrente e moldar-se-ia com
ela uma figura humana. Sobre cada um dos membros do corpo do boneco se
pronunciariam as consoantes que prescreve o livro Sefer Yetsira. Finalmente, se escreveria na argila do futuro
indivíduo um dos nomes secretos de Deus e a matéria informe do golem se
animaria de vida.
O princípio mítico da criação de uma entidade artificial não é originário
da Cabala medieval, remonta as mais antigas tradições judaicas, com base no
livro de Gênesis (1, 24): “Disse Deus: produza a terra animais viventes em cada
gênero, animais domésticos, répteis e bestas silvestres da terra, segundo as
suas espécies. E assim foi feito”.
Os cabalistas interpretaram aqui a confirmação indireta da possibilidade
real de uma animação da matéria morta, não havendo recebido o hálito inicial da
vida. Por sua parte, os tradutores da Bíblia inseriram a denominação de “golem”
ao mesmo Adão, antes que lhe fosse insuflada a alma e, principalmente, antes
que falasse.
Posteriormente as prescrições de Eleazar de Worms, a “fórmula” se multiplica
sobre a geração do golem. Mas com o passar do tempo, a qualidade da ideia do
homúnculo experimentou uma mudança notável. A partir de um certo tempo, a
criação de um ser artificial deixou de ser uma perícia levada a cabo por
pessoas piedosas, que recorriam sempre a ajuda de Deus, para constituir-se num
puro e simples ato de magia negra assistido pelo diabo (CHINCHILLA-SÁNCHEZ,
2001).
Outra característica das novas “receitas” era a necessidade, cada vez
maior, da ajuda de técnicas mais ou menos sofisticadas. Assim, desde o século
XV, o enlace entre a Cabala e a Alquimia teve em Paracelso seu melhor expoente,
no intento mais audaz das ciências ocultas na geração do homúnculo (ALMEIDA,
2013).
Mais tarde, no século XVII, ao contrário das antigas representações
judaicas, a imagem do golem é desviada para ameaçadora e maligna. O homem
artificial se vê dotado de uma energia excepcional, sendo capaz de causar
grandes calamidades e possuir a força para destruir o universo. Esta concepção,
como ligeiras variantes, perdura até os dias de hoje (CHINCHILLA-SÁNCHEZ,
2001).
Bem antes de Paracelso, o tema da geração do homúnculo também foi
atribuída a Arnau de Vilanova (c. 1238-1311) médico e alquimista catalão, de
quem diz a lenda que ele se vangloriava de ter criado um homem pela alquimia e
que quando ele viu o embrião formando no alambique com todos os seus membros e
órgãos, não levou adiante experiência por medo de que Deus seria forçado a dar
uma alma racional ao criatura. Segundo o teólogo Alonso de Madrigal, o Tostado
(1400-1455), o episódio em que Arnau cria um ser humano artificial em um vaso,
mas não se atreveu a levar a criação até o fim por medo de ser visto como um
usurpador de poder de Deus.
Um outro que tentou criar homúnculos foi o médico e alquimista alemão Johann
Konrad Dippel (1673-1734), que experimentou fecundar ovos de galinha com sêmen
humano e tapar o orifício com sangue de menstruação (sua vida inspirou a escritora
Mary Shelley a escrever o seu romance “Frankenstein ou o Prometeu Moderno” de
1818) (ALMEIDA, 2013).
Laurent Catelan (c.1568-1647), em sua obra Rare et Curieux Discours de la Plante Appelée Mandragore, de 1638,
discute extensamente a corporificação de um conceito homuncular, a partir da
conhecida lenda da mandrágora, que cresce em solo fertilizado pela urina de um
homem inocente em agonia, enforcado pelo crime de roubo, e a planta
desenvolveria raízes com a forma de um homem, dotado de um enorme falo.
Entretanto, em sua obra, Castelan
admitia que essas ideias haviam sido negada por muitos e que o homúnculo de
Paracelso poderia “ser uma forma de magia diabólica” (PINTO-CORREIA, 1999).
Num texto breve de 1672, o médico alemão Christian Friedrich Garmann
(1640-1708), discute a evolução do homem a partir do ovo e se a concepção
poderia ocorrer fora do útero, como mostra “homúnculo químico de Paracelso” (PINTO-CORREIA,
1999).
O médico escocês William Maxwell (1581-1641) na sua obra De Medicina Magnetica de 1679, tentou
provar a possibilidade de geração de um homúnculo, a partir das cinzas de uma
planta, afirmando que o sal do sangue, adequadamente preparado, e como os sais
das ervas podem reproduzir a aparência da erva no tubo de ensaio, também o sal
do sangue humano poderia mostrar a imagem de um homem, o verdadeiro homúnculo
de Paracelso (PINTO-CORREIA, 1999).
Entretanto, as ideias de geração do homúnculo de Paracelso, ao longo dos
séculos XVII e XVIII, foram também vigorosamente refutadas por diversos autores,
considerando suas ideias como ímpias, heréticas, ridículas e abomináveis
(PINTO-CORREIA, 1999).
No entanto, também é possível que o homúnculo seja uma alegoria, uma
interpretação muito literal das imagens alegóricas alquímicas respeitantes à
criação, pela arte, de novas entidades minerais, sejam elas objetivos finais ou
intermédios. Essas imagens comportam, muitas vezes, a representação de um ser
emblemático, humano, animal ou quimérico, numa retorta. Provavelmente é este
conceito alegórico usado no “famoso arcano” descrito por J. French (1651):
O FAMOSO ARCANO[2]
OU MEDICAMENTO RESTAURADOR DE PARACELSO CHAMADOPOR ELE DE HOMÚNCULO
Primeiro teremos que entender que existem três significados
do termo “homunculus” em Paracelso, que são os seguintes:
1 O homúnculo como uma imagem supersticiosa feita em lugar,
ou em nome de qualquer um, que pode conter um homem astral e invisível,
portanto feito para um uso supersticioso.
2 O homúnculo tomado
como um homem artificial, feito de esperma masculino de digerido na forma de um
homem, e então nutrido e aumentado com a essência do sangue de homem; isto não
é repugnante na possibilidade de natureza e arte. Mas é considerado uma das
maiores maravilhas de Deus que sofreu para o homem mortal saber. Eu não vou
aqui me pronunciar sobre todo o processo, porque eu acho impróprio para ser
feito, ou pelo menos, ser divulgado. Além de nem ser este o meu presente
propósito.
3 O homúnculo feito para ser um arcano ou um medicamento
excelente obtido pela arte espagírica dos melhores autores na linha natural, é
de acordo com esta acepção eu falarei aqui. Mas antes de apresentar este
processo, vou dar uma explicação porque este medicamento é chamado de
homúnculo. Nenhum homem sábio negará que o principal fator que mantém a vida é
a nutrição, e que os alimentos mais importantes são o pão e o vinho, ordenados
por Deus acima de todas as coisas na natureza. Além disso, Paracelso preferiu
na geração do sangue e do espírito do seu homúnculo o uso de esperma. Agora,
por uma alusão adequada o alimento é levado para a vida do homem e,
especialmente, porque se transmuta em vida. E novamente a vida é tirada para o
homem, mas a menos que um homem estiver vivo, ele não é um homem, mas a carcaça
de um homem, e sua parte mais vil não pode perfeitamente ser considerada como o
homem todo, como pode a sua parte mais nobre. Na medida, portanto, como o
alimento da vida pode ser chamado de vida do homem, e a vida do homem ser
chamado de homem, este alimento extraído do pão e do vinho, e sendo por
digestão[3]
exaltada à mais alta pureza de uma substância nutritiva e, consequentemente,
tornando-se a vida do homem, sendo assim potencialmente ou metaforicamente
chamado homúnculo.
O processo estabelecido alegoricamente é assim: escolher
uma certa quantidade do melhor trigo e vinho e fechá-los hermeticamente num
vidro. Deixá-los então entrar em putrefação em esterco de cavalo[4]
durante três dias ou até que o trigo começar a germinar ou a brotar, que deve
ser levado e machucado em um almofariz e ser pressionado através de um pano de
linho. Aparecerá então um suco branco como leite. Você deve lançar fora os
restos. Deixe este suco em um copo cujo volume não deverá estar acima de
metade. Colocá-lo nas fezes de cavalo por um tempo de cinquenta dias. Se o
calor para temperar não exceder o calor natural do homem, a matéria estará
transformada em sangue e carne espagírica, como num embrião. Esta é o principal
aspecto e próximo do qual é gerado o esperma duas vezes, isto é, do pai e da
mãe que geram o homúnculo, sem o qual não pode ser feita nenhuma geração, seja
humano ou animal. Do sangue e da carne deste embrião deixar a água ser separada
numa tina, e o ar nas cinzas, e que ambos sejam mantidos por si mesmos. Em
seguida, para os resíduos da última destilação, deixar a água da destilação
anterior ser adicionada, tanto que deve (o vidro deve estar perto) putrefazer
em banho-maria pelo tempo de 10 dias. Depois disto, destilar a água uma segunda
vez (no fogo) em brasas. Em seguida, destilar esta água em banho-maria suave, e
manter no fogo em brasas. Mantenha ambos separados. E assim, você tem os quatro
elementos separados do caos do embrião. A terra feculenta1[5]
é para ser reverberada[6]
em um vaso fechado pelo tempo de quatro dias. Neste ínterim, destilar a quarta
parte da primeira destilação em banho-maria e moldá-la separada. As outras três
partes se destilam em brasas e são vertidas na terra reverberada, e se destilam
em fogo forte. Redestilar quatro vezes, e assim será obtida uma água muito
clara que deve ser mantida por si. Em seguida despeje o ar na mesma terra e o
destile em um fogo forte. Obter-se-á uma água clara, esplêndida, odorífera, que
deve ser mantida em separado. Após isso, primeiro despeje o fogo sobre a água e
deixar em putrefação em banho-maria pelo tempo de três dias. Então colocá-la
numa retorta e destilar na areia e virá uma prova de fogo da água. Deixe esta
água ser destilada em banho-maria. O que foi destilado fora, manter por si só,
como também, o que permanece na parte inferior, que é o fogo e mantê-lo por si
só. Esta última água destilada derramar novamente sobre sua terra e deixá-los
ser macerados juntos em banho-maria pelo o tempo de três dias. Então deixe toda
a água ser destilada na areia e deixe-a que vai surgir separados em
banho-maria, e o resíduo remanescente no fundo ser reservado com o antigo
resíduo. Deixe a água novamente ser derramada sobre a terra, ser abstraída e separada,
como antes, até que nada permaneça no fundo que não é separado pelo
banho-maria. Isto sendo feito, deixe a água que foi ultimamente separada ser
misturada com os resíduos de seu fogo e ser macerada em banho-maria por três ou
quatro dias, e tudo ser destilado em banho-maria que pode subir com esse calor.
Deixe o que resta ser destilado nas cinzas do fogo, e o que deve ser elevado é
aéreo. E o que resta no fundo é ardente. Estes dois últimos licores são atribuídos
para os dois primeiros princípios, o primeiro para Mercúrio e o último de Enxofre.
Eles são explicados por Paracelso não como elementos, mas como suas partes
vitais, sendo, por assim dizer, os espíritos naturais e a alma que por
natureza, são em si. Agora, ambos devem ser retificados e refletidos no seu
centro com um movimento circular, de modo que esse mercúrio pode ser preparado
com sua água sendo mantido claro e odorífero no lugar superior, mas o enxofre
deixar por si só. Agora, resta olhar para o terceiro princípio. Deixe a terra
reverberar, sendo o chão moído como mármore, embeber sua própria água que
permaneceu após a última separação entre os licores feitos em banho-maria, para
que isso seja a quarta parte do peso da sua terra e ser congelado pelo calor
das cinzas em sua terra. Deixe isto ser feito tantas vezes, a proporção que
está sendo observada, até que a terra tenha embebido toda a sua água. E,
finalmente, deixar esta terra ser sublimada em um pó branco, tão branco quanto
a neve, sendo o resíduo lançado fora. Esta terra, sendo sublimada e liberta da
sua obscuridade, é o verdadeiro caos dos elementos, pois contêm essas coisas
ocultas, ver que é o sal da natureza em que se encontra escondido, como se
fosse, em seu centro.
Este é o terceiro princípio de Paracelso e o sal, o que é a
matriz, em que os dois antigos espermas, isto é o homem e a mulher, os pais do
homúnculo, isto é, o mercúrio e enxofre são para ser colocados e fechado juntos
em um útero com vidro fechado com selos de Hermes para a verdadeira geração do
homúnculo provenha a partir de embrião espagírico. E este é o homúnculo ou o
grande arcano, chamado o medicamento nutritivo de Paracelso. Este homúnculo é
de tal virtude que atualmente depois é tomado pelo corpo e transformado em
sangue e espíritos. Se então as doenças mortais porque elas destroem os
espíritos, que doença mortal pode suportar tal medicamento que logo repara e
fortalece os espíritos. Com este medicamento, consequentemente, enquanto as
doenças são superadas e expelidas, assim também, a juventude é renovada e os
cabelos cinzentos são impedidos de aparecer.
Considerações
finais
Historicamente, a medicina, era considerada como uma das principais
ciências ou “artes”, na linguagem da época, adotava a Doutrina das Assinaturas,
onde o verdadeiro médico deveria buscar nos reinos vegetal, animal e mineral
aquelas substâncias que correspondiam aos corpos celestes (analogia do
macrocosmo-microcosmo) e, em última instância, a intervenção do “Criador”
(MAGALHÃES; ALMEIDA, 1999).
De acordo com Paracelso, a medicina e a alquimia são artes inseparáveis:
Como poderia eu elogiar aqueles que são médicos e não
são ao mesmo tempo alquimistas? Se a arte da medicina fosse encontrada somente
entre os médicos, estes não seriam capazes de usá-la, pois, não teriam em suas
mãos a chave dos mistérios. Assim, eu só posso elogiar aquele que sabe induzir
a natureza a ser útil, ou seja, que seja capaz de reconhecer o que existe
escondido na natureza. Pois, o conhecimento e a preparação, ou seja, a medicina
e a alquimia jamais devem ser separadas (PARACELSUS, 1995).
Segundo Debus (1995), a medicina paracelsiana representou uma reação à
tradicional veneração renascentista pela antiguidade clássica. Os primeiros
paracelsianos atacavam severamente as doutrinas de Aristóteles e Galeno, e com
mais moderação a de Hipócrates. Em troca, buscavam nos textos herméticos,
alquímicos e neoplatônicos, recentemente traduzidos na época, o fundamento de um
universo vitalista, da analogia macrocosmo-microcosmo, do ofício divino do
médico, e de uma nova interpretação cristã de toda a natureza.
Já a alquimia, scientia
separationis, permite ao homem separar os corpos, através do fogo, para que
os olhos penetrem além da superfície, tornando perceptível aquilo que antes era
imperceptível. Deste ponto de vista, a alquimia prolonga e aperfeiçoa o
trabalho da natureza e através da arte conduz à perfeição, para benefício do
homem, o que a natureza deixou imaturo:
As virtudes que jazem escondidas na natureza jamais
seriam reveladas se a alquimia não as houvesse descoberto, tornando-as visíveis
[...] A alquimia é uma arte necessária e indispensável [...] Ela é uma arte e
Vulcano é seu artista. Quem é um Vulcano domina essa arte; quem não é Vulcano
não pode progredir na mesma [...] Todas as coisas foram criadas num estado
inacabado, nada está terminado, mas Vulcano deve levá-las à perfeição (PARACELSUS,
1995).
Assim, os ensaios laboratoriais e as especulações delirantes da geração
do homúnculo pela Alquimia Espagírica podem ser considerados um “programa de
pesquisa” renascentista que tinha por fundamento uma concepção mística da
natureza, teorias platônicas, neoplatônicas e herméticas, associadas ao
humanismo e à literatura clássica que adquiriu sua maior expressão em Paracelso
e seus seguidores. Tais estudos expressavam-se em línguas vernáculas abordando
a natureza, valorizando a observação e a experimentação.
Mais tarde, nos séculos XVII e XVIII, a embriologia nascente haveria de
se confrontar com o espectro do homúnculo no debate entre pré-formacionistas e
epigenistas. A teoria do pré-formacionismo, sobretudo no debate entre ovistas e
espermistas, os quais sustentavam que o espermatozoide já possuía uma miniatura
do organismo pré formada, denominada homúnculo, o qual estudiosos afirmaram ser
possível de ser visualizado em microscópio. Portanto, o desenvolvimento se dava
apenas em crescimento.
Escreve Pinto-Correia (1999) que no século XVII foi publicada e
amplamente divulgada uma imagem icônica de um espermatozoide com uma longa
cauda e cabeça volumosa e dentro desta, um homúnculo em posição fetal,
desenhada por Nicolaas Hartsoeker (1656-1725) através de um microscópio simples e publicada na obra Essay de dioptrique em 1694.
Para Lewontin, uma atualização do discurso pré-formacionista, tão popular
no século XVII: quer para Charles Perrault, Malebranche, quer para Jacob, a
totalidade do ser vivo plenamente desenvolvido existe em potência numa fase
primitiva de sua existência. Que a ontogênese seja plenamente determinada por
um “software” genético ou que ela esteja completamente estabelecida no embrião,
percebido como um homúnculo, cujo
desenvolvimento neste caso seria apenas crescimento, tem pouca importância
epistemológica. O “pré-formacionismo triunfou”, apesar de Buffon, Darwin,
Pasteur: este é o diagnóstico provocador de Lewontin. Sua conclusão crítica
acerca dessa vitória é a seguinte: “O organismo não é determinado nem pelos
genes, nem pelo seu ambiente, nem mesmo pela interação entre eles, mas carrega
uma marca significativa de processos aleatórios” (LEWONTIN, 2002, p. 45).
De acordo com Almeida e Rocha Falcão (2005), como consequência da teoria
pré-formacionista, os principais construtores da teoria da evolução, não usaram
o termo “evolução” nas suas obras. Darwin preferiu inicialmente o termo
“transmutação” e depois usou a expressão “descendência com modificação” e
Lamarck usou as expressões “progressão e “aperfeiçoamento”. Isto porque, originalmente
o termo “evolução” foi cunhado em 1744 pelo biólogo alemão Albrecht von Haller,
para descrever a teoria de que os embriões crescem de homúnculos pré-formados
contidos no óvulo ou no esperma humano. Haller escolheu o termo cuidadosamente,
porque a palavra latina evolvere significa
“desenrolar” (GOULD, 1999, p.26).
Como escreve Gould:
[...] de que
os embriões cresciam de homúnculos pré-formados, contidos nos ovos ou nos
espermas e de que, por mais fantástico que possa parecer hoje em dia, todas as
gerações futuras haviam sido criadas nos ovários de Eva ou nos testículos de
Adão, encerradas como bonequinhas russas, uma dentro da outra – um homúnculo em
cada ovo de Eva, um homúnculo menor em cada ovo do homúnculo anterior, e assim
por diante (GOULD, 1999, p.25).
Referências
ALMEIDA, Argus Vasconcelos de;
ROCHA FALCÃO, Jorge Tarcisio da. A estrutura histórico-conceitual dos programas
de pesquisa de Darwin e Lamarck e sua transposição para o ambiente escolar, Ciência & Educação, vol. 11, n. 1,
2005, pp. 17-32
ALMEIDA, Argus Vasconcelos de. Medicamentos da alquimia espagírica
baseados na destilação de
produtos e excreções humanas na obra de John French (1616-1657). Recife :
EDUFRPE, 2013.
BALL. Phillip. The
Devil's Doctor: Paracelsus and the World of Renaissance Magic and Science. Random
House/Arrow Books, 2007.
BALL, Philip.
Man made: a history of synthetic life. Destillations,
2016.
CHINCHILLA-SÁNCHEZ,
Kattia. De la cábala al golem mágico. Filología
y Lingüística, XXVII(2): 7-22, 2001.
DEBUS, Alan G. Man and nature in the Renaissance.
Cambridge University Press, New York. 14th ed. 1995.
FRENCH, John. The Art of Distillation. Or, A Treatise
of the Choicest Spagyrical Preparations Performed by Way o£ Distillation, Being
Partly Taken Out of the Most Select Chemical Authors of the Diverse I,anguages
and Partly Out of the Author's Manual Experience together with, The Description
of the Chiefest Furnaces and Vessels Used by Ancient and Modern Chemists also A
Discourse on Diverse Spagyrical Experiments and Curiosities, and of the Anatomy
of Gold and Silver, with The Chiefest Preparations and Curiosities Thereof, and
Virtues of Them All. All Which Are Contained In Six Books Composed By John
French, Dr. of Physick. London. Printed by Richard Cotes and are to sold by Thomas
Williams at the Bible in Little-Britain without Aldersgate, 1651.
GOULD, Stephen J. Darwin e os grandes enigmas da vida.
São Paulo: Martins Fontes, 1999.
LÉON, Adriano de . Ciências
Ocultas: os traços do discurso esotérico na Ciência Moderna. [2004]
disponível em: http://yesod.sites.uol.com.br/cadernos/edicao1/ocultas.htm
LEWONTIN. Richard. A Tripla Hélice. Gene, organismo e ambiente.
São Paulo, CIA das Letras, 2002.
MAGALHÃES, Francisco de Oliveira;
ALMEIDA, Argus Vasconcelos de. Tradução, introdução, notas e comentários. In:
VALENTINUS Basilius. A carruagem
triunfal do antimônio. Recife, 1999.
PARACELSUS. Paracelsus: Selected
Writings, Princeton, University Press, 1995.
PINTO-CORREIA, Clara. O ovário de Eva: a origem da vida.
Editora Campus: Rio de Janeiro, 1999.
[1] Hunain Ibn Ishaq (809 — 873) foi um escritor, acadêmico,
cientista, tradutor e médico siríaco, diretor da Escola de Tradutores de Bagdá.
Falava fluentemente árabe, persa, grego e assírio.
[2] Do latim “arcanus” que significa
misterioso, enigmático. Na alquimia, arcano é um medicamento misterioso
acessível somente aos seguidores desta prática.
[3] Os alquimistas davam esse nome a todos os
processos que envolvem o movimento e a transformação da matéria.
[4] O esterco de cavalo era
usado pelos alquimistas para aquecer moderadamente a matéria.
[5] Que contém fécula ou sedimento.
[6] Aquecer refletindo.
[1] Hunain Ibn Ishaq (809 — 873) foi um escritor, acadêmico,
cientista, tradutor e médico siríaco, diretor da Escola de Tradutores de Bagdá.
Falava fluentemente árabe, persa, grego e assírio.
[2] Do latim “arcanus” que significa
misterioso, enigmático. Na alquimia, arcano é um medicamento misterioso
acessível somente aos seguidores desta prática.
[3] Os alquimistas davam esse nome a todos os
processos que envolvem o movimento e a transformação da matéria.
[4] O esterco de cavalo era
usado pelos alquimistas para aquecer moderadamente a matéria.
[5] Que contém fécula ou sedimento.
[6] Aquecer refletindo.
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